CET passa a utilizar ‘motos dedo-duro’ equipadas com câmeras para fiscalização em São Paulo

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo adotou uma nova estratégia para fiscalizar o trânsito na capital paulista. Desde fevereiro de 2025, a CET utiliza motocicletas equipadas com câmeras, conhecidas como “motos dedo-duro”, para monitorar as vagas de estacionamento rotativo da Zona Azul. Essa iniciativa busca aumentar a eficiência na fiscalização e garantir o cumprimento das normas de estacionamento. Contudo, a novidade gerou discussões entre motoristas e especialistas em trânsito, levantando debates sobre os impactos e a transparência da medida.
Como funciona a fiscalização com as ‘motos dedo-duro’?
A CET utiliza motocicletas equipadas com câmeras inteligentes para capturar imagens das placas dos veículos estacionados nas vagas de Zona Azul. O sistema cruza essas informações com o banco de dados da Estapar, concessionária responsável pela gestão do estacionamento rotativo na cidade. Assim, se um veículo não tiver efetuado o pagamento digital do tíquete de estacionamento, o proprietário poderá ser notificado e multado.
A tecnologia adotada é semelhante à já utilizada nos carros de fiscalização da CET, que percorrem as ruas realizando a leitura automática das placas. Entretanto, a mobilidade das motos permite que a fiscalização alcance ruas estreitas e locais de difícil acesso para os veículos tradicionais.
O que dizem a CET e a prefeitura?
A CET esclarece que as motos estão em fase de testes e que, neste momento, a prioridade é monitorar o funcionamento da Zona Azul, coletar dados e avaliar a eficácia do novo método. Já a Prefeitura de São Paulo, por meio do prefeito Ricardo Nunes, afirmou que as motocicletas não têm como objetivo principal a aplicação de multas, mas sim o acompanhamento em tempo real das condições das vagas, incluindo a sinalização horizontal e vertical.
Ainda assim, a medida gerou questionamentos por parte de motoristas, que temem uma ampliação da fiscalização sem aviso prévio e sem a devida transparência sobre os procedimentos adotados.
Repercussão entre motoristas e especialistas
A introdução das “motos dedo-duro” na fiscalização da Zona Azul gerou reações diversas entre os paulistanos. Motoristas que utilizam o sistema regularmente demonstraram preocupação com a possibilidade de multas sendo aplicadas automaticamente, sem uma abordagem educativa inicial. Por outro lado, especialistas em trânsito apontam que o novo modelo pode contribuir para um uso mais ordenado das vagas e reduzir irregularidades.
O consultor de mobilidade urbana Ricardo Mendes destaca que a adoção de tecnologias na fiscalização do trânsito é uma tendência global. “A fiscalização digital é uma realidade em grandes cidades do mundo. No entanto, é essencial que haja comunicação clara com a população para evitar a sensação de fiscalização meramente punitiva”, afirma.
Já para a motorista Fernanda Santos, que trabalha como representante comercial e depende do carro diariamente, o maior receio é a falta de identificação clara das motos. “Se essas motos não estiverem devidamente sinalizadas, pode gerar desconfiança e até problemas com segurança. A transparência é fundamental”, pontua.
Desafios e próximos passos
A Prefeitura de São Paulo e a CET devem avaliar o desempenho da nova modalidade de fiscalização antes de decidir pela ampliação definitiva do uso das motocicletas. Entre os desafios a serem enfrentados estão a padronização da abordagem, a clareza na comunicação com os motoristas e a adequação legal para a aplicação das multas.
Especialistas recomendam implementar esse modelo juntamente com campanhas educativas. Essas campanhas devem alertar os cidadãos sobre a importância de pagar corretamente pelo estacionamento rotativo e explicar o funcionamento do novo sistema. Com isso, busca-se conscientizar a população e garantir a eficácia da medida.
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Conclusão
O uso das chamadas “motos dedo-duro” na fiscalização da Zona Azul em São Paulo representa uma inovação que pode tornar a gestão do estacionamento rotativo mais eficiente. No entanto, o sucesso dessa iniciativa dependerá da transparência na aplicação das regras e da aceitação da população. À medida que os testes avançam, será necessário um diálogo aberto entre poder público, especialistas e motoristas para garantir que a medida seja justa e eficiente para todos.