Metrô de São Paulo

Chineses e gigantes da Lava Jato tocarão as obras da Linha 19-Celeste

A cidade de São Paulo e sua região metropolitana estão prestes a testemunhar o início de um de seus projetos de infraestrutura mais ambiciosos. Trata-se da futura Linha 19-Celeste do Metrô, que contará com um investimento total de R$ 18,57 bilhões. Após uma semana de leilões históricos, os responsáveis pela megaobra foram finalmente definidos.

- Publicidade -

O resultado, antes de tudo, redefine o futuro da mobilidade para milhões de pessoas. Além disso, o momento também é profundamente simbólico. Isso porque ele marca o retorno robusto de gigantes da construção civil. Afinal, essas são empresas que passaram por profundas reestruturações após a Operação Lava Jato.

Uma resposta a uma demanda histórica

A Linha 19-Celeste é muito mais do que um novo traçado no mapa do metrô. Na prática, ela é a resposta a uma demanda histórica por transporte de alta capacidade. O projeto beneficiará diretamente mais de 2,5 milhões de habitantes de Guarulhos e da Zona Norte de São Paulo.

Atualmente, o deslocamento diário entre a capital e a segunda cidade mais populosa do estado é um verdadeiro desafio. Isso porque a população depende de um sistema sobrecarregado de ônibus intermunicipais. Além disso, a Linha 13-Jade da CPTM, por exemplo, atende apenas uma área mais restrita de Guarulhos.

- Publicidade -

Com 17,6 km de extensão e 15 novas estações totalmente subterrâneas, a Linha 19-Celeste promete uma verdadeira revolução. A estimativa do Metrô é que a nova linha atenda a uma demanda de mais de 630 mil passageiros por dia útil. O benefício mais celebrado é a drástica redução no tempo de viagem: o trajeto de ponta a ponta, do Bosque Maia, em Guarulhos, ao Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, será feito em apenas 30 minutos, um percurso que hoje pode facilmente ultrapassar 1 hora e 30 minutos em horários de pico. Isso representa não apenas mais tempo livre para o cidadão, mas também um impacto ambiental positivo, com a potencial retirada de milhares de carros e ônibus das ruas.

O Traçado da transformação: Um mergulho nos três lotes

O projeto foi estrategicamente dividido em três lotes para otimizar e acelerar sua construção.

Lote 1: O Consórcio Nove de Julho e a chegada a Guarulhos

O primeiro trecho, arrematado pelo Consórcio Nove de Julho – Linha 19 por R$ 4,98 bilhões, representa a tão sonhada interiorização do metrô em Guarulhos. O consórcio é formado pela chinesa Yellow River Co Ltd, braço da gigante global Power China, e pelas brasileiras Mendes Júnior e Highland Build. O escopo de 5,7 km abrange cinco estações estratégicas (Bosque Maia, Guarulhos-Centro, Vila Augusta, Dutra e Itapegica), que atenderão o coração comercial e residencial da cidade.

- Publicidade -

Lotes 2 e 3: A dobradinha do Consórcio Via Celeste na Capital

A OECI, em uma robusta aliança com a Álya (antiga Queiroz Galvão) e a italiana Ghella, foi a grande vencedora dos dois lotes que cobrem todo o percurso dentro de São Paulo. O Lote 2, vencido pelo Consórcio Via Celeste 2 por R$ 6,70 bilhões, revitalizará a mobilidade da Zona Norte. Com 5,6 km, incluirá cinco estações (Jardim Julieta, Vila Sabrina, Cerejeiras, Santo Eduardo e Vila Maria) e, crucialmente, o Pátio Vila Medeiros, a principal base operacional da linha. Já o Lote 3, arrematado pelo Consórcio Via Celeste 3 por R$ 6,89 bilhões, representa um imenso desafio de engenharia. É o trecho final, que mergulhará no subsolo do coração de São Paulo, com as estações Catumbi, Silva Teles, Cerealista, São Bento e o terminal Anhangabaú.

Costurando a malha: As conexões estratégicas da Linha 19Celeste

Além de criar um novo eixo de transporte, um dos maiores trunfos da Linha 19-Celeste será sua capacidade de se integrar à rede existente, ampliando as opções de deslocamento dos passageiros. As principais conexões planejadas, conforme o mapa oficial, são:

  • Linha 2-Verde (Metrô): Na futura estação Dutra, em Guarulhos. Esta será uma integração crucial, pois a Linha 2 também está sendo expandida até a cidade, criando um poderoso anel metroviário.
  • Linhas 10-Turquesa e 11-Coral (Trens Metropolitanos): A conexão com os trens ocorrerá na Estação Cerealista. Além de permitir que os passageiros acessem o ABC Paulista e a Zona Leste, esta estação será um portal para a vibrante região comercial do Pari e do Brás. Vale notar que, até a conclusão da obra, a Linha 11-Coral já estará sob a responsabilidade da concessionária Trivia Trens.
  • Linhas 1-Azul e 3-Vermelha (Metrô): No coração de São Paulo, a linha se conectará com a Linha 1 na histórica estação São Bento e com a Linha 3 no terminal Anhangabaú, garantindo a distribuição dos passageiros por toda a malha central.

O Retorno dos gigantes: Um novo capítulo pós-Lava Jato

O resultado deste leilão é um verdadeiro marco para a engenharia nacional. A presença de empresas como OECI (Odebrecht), Mendes Júnior e Álya (Queiroz Galvão) como vencedoras é o sinal mais claro deste novo momento. Vale lembrar que todas foram alvos centrais da Operação Lava Jato.

Nos últimos anos, elas enfrentaram longos processos judiciais e assinaram acordos de leniência bilionários. Além disso, implementaram rigorosos programas de compliance e governança. Agora, estas três gigantes da engenharia brasileira finalmente voltam a conquistar os contratos mais cobiçados do país.

Para elas, a execução da Linha 19-Celeste será mais do que uma simples obra. Na verdade, será um verdadeiro teste de fogo. Elas precisarão provar que seus processos de reestruturação foram bem-sucedidos, entregando um projeto complexo com lisura e eficiência.

Já para o mercado, o sinal é outro. Fica claro que a expertise técnica dessas companhias, forjada ao longo de décadas, volta a ser indispensável para tirar do papel grandes projetos de infraestrutura como este.

Próximos passos e o cronograma da megaobra

Com a definição das melhores propostas, o projeto agora entra na fase de validação:

  1. Análise de Documentos: A comissão de licitação do Metrô analisará detalhadamente a qualificação técnica e a saúde financeira dos consórcios.
  2. Assinatura dos Contratos: A expectativa é que os contratos sejam oficialmente assinados em janeiro de 2026.
  3. Início das Obras: O início efetivo dos trabalhos nos canteiros está projetado para o começo de 2027.
  4. Conclusão: O prazo contratual para a conclusão da obra é de 75 meses (6 anos e 3 meses), com a entrega da linha completa e em operação prevista para meados de 2033.

Veja também:

Botão para Comentários
Mostrar mais

Aílton Donato

Profissional de marketing digital, apaixonado por mobilidade urbana, especialmente trilhos e ônibus. Usuário do transporte público sempre que é a melhor opção, evitando o estresse do trânsito. Também atua como Técnico em Edificações, unindo experiência em infraestrutura e deslocamento urbano.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

Botão Voltar ao topo

Para acessar o conteúdo, precisamos da sua ajuda!

Não cobramos para disponibilizar informações, mas a única forma de manter nosso site ativo e arcar com os custos é através dos anúncios exibidos em nossa página. Para continuar acessando o conteúdo, por favor, desative o bloqueador de anúncios.