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Respeito no trânsito: o que os motoboys podem aprender sobre convivência e profissionalismo

Por Sérgio Bovero

A vida no trânsito é uma escola, e quem é motoboy sabe que as ruas de São Paulo são um campo de batalha diária. Cada entrega é uma lição sobre resiliência, paciência e, principalmente, convivência. Uma moto não é apenas um meio de transporte; é o ganho-pão, o instrumento que nos faz superar desafios, pagar contas e conquistar sonhos. Mas, como toda ferramenta poderosa, ela exige responsabilidade.

Infelizmente, o comportamento de alguns colegas no trânsito tem manchado a imagem de uma categoria que, com suor e coragem, faz a cidade girar. Muitas vezes, isso começa com atitudes simples, mas altamente impactantes, como escapamentos barulhentos, motos cortando giro e aquele famoso “grau” no meio do tráfego.

Barulho e grau: qual mensagem isso passa?

Dias atrás, presenciei uma cena que retomou o problema. Um motoboy tirou uma moto de giro em frente a um semáforo, como se fizesse numa competição, e logo em seguida suspendeu o famoso grau, levantando a roda dianteira em plena avenida movimentada. Para ele, pode ter sido apenas um momento de diversão ou “estilo”. Mas, para quem estava ao redor – motoristas, pedestres e até outros entregadores –, aquilo era puro desrespeito.

Esse tipo de atitude fala mais alto do que qualquer defesa que as pessoas possam fazer pela nossa profissão. A sociedade já carrega preconceitos contra os motoboys, e cenas como essa só reforçam a ideia de que somos desordeiros e irresponsáveis. Isso acontece porque sabemos que a maioria de nós está na rua para trabalhar, correr atrás do sustento e cumprir um papel essencial no dia a dia da cidade.

Por que o respeito é essencial?

São Paulo é barulhenta pela natureza. Entre o trânsito pesado, as buzinas e as sirenes, ninguém precisa de mais uma moto berrando no ouvido ou de manobras arriscadas para se preocupar. Além de incomodar, essas atitudes colocam a vida dos próprios motoboys em risco e ainda prejudicam quem está ao redor.

Pense bem: quando um cliente olha pela janela e vê o entregador de sua pizza ou o pacote que esperava há dias tirando grau ou acelerando sem necessidade, o que ele vai pensar? Isso não passa profissionalismo, não inspira confiança. Passa uma mensagem de que não estamos nem aí para o trabalho ou para os outros.

Uma visão negativa e o que podemos fazer para mudar

A verdade é que boa parte da visão negativa de que a sociedade tem da gente vem das nossas próprias atitudes. Claro, há preconceitos que além vão disso, mas não dá pra negar que barulho, imprudência e falta de respeito no trânsito são combustíveis para esse estigma.

Se queremos mudar como os motoboys são vistos, precisamos começar por nós mesmos. Isso significa:

  • Deixar o escapamento original ou usar um que não perturbe : Barulho não impressiona ninguém, só irrita.
  • Evite manobras perigosas, como grau ou corte giro : Pode até parecer legal, mas acredite, ninguém que esteja no trânsito acha bacana.
  • Agir com profissionalismo e respeito : Seja na entrega, no trânsito ou na interação com clientes e pedestres.

O exemplo que precisamos dar

Ser motoboy é muito mais do que andar de moto. É responsável por fazer a cidade funcionar, por conectar pessoas e entregar sonhos. Isso é coisa grande, e exige postura à altura.

Eu sei que a rotina é pesada, que as ruas nem sempre são gentis e que muitas vezes a gente é tratada como invisível. Mas, quanto mais mostramos respeito no trânsito, mais respeito recebemos de volta. Quando cada um de nós faz sua parte, mostramos que a categoria é composta por trabalhadores dignos e essenciais, e não pelos estereótipos que tantas atividades extraordinárias.

Uma reflexão para categoria

A moto já me ensinou muito, tanto no trabalho quanto na vida. Ela me deu liberdade, independência e oportunidades que eu nunca imaginei. Mas também me mostrou que cada escolha que faço no trânsito reflete diretamente na minha profissão e na forma como a sociedade vê os motoboys.

Então, rapaziada, da próxima vez que você pensar em tirar a moto de giro ou dar aquele grau pra chamar a atenção, lembre que não é só você que está na rua. Cada ação tem impacto em toda a categoria. Respeito no trânsito não é apenas uma questão de ética; é uma ferramenta pra gente ser valorizada como merece.

Se queremos ser vistos como profissionais essenciais, precisamos começar sendo profissionais no asfalto. Porque, no final das contas, o que importa não é o barulho que você faz, mas a diferença que você deixa no caminho.

Veja também:

7 Aplicativos para Motoboys: Como Aumentar a Renda em 2025

A Batalha das Capas de Chuva: Califórnia Racing e Arizona – Qual é a Melhor Escolha para Motoboys?

Gestão do Trânsito em São Paulo: Qual a Função da Polícia de Trânsito e da CET?(Abre numa nova aba do navegador)

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Letícia Castilho

Sou mãe, corintiana e estudante apaixonada pela vida. Amo aproveitar momentos de lazer com minha família, explorando novos lugares e criando memórias inesquecíveis. No Mobilidade360 , sou colunista nas áreas de Trânsito e Mobilidade & Cultura , sempre buscando informar e inspirar os leitores. Além disso, sou responsável por gerenciar todas as redes sociais do Mobilidade360 , garantindo que a informação chegue de forma acessível e envolva a todos.

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