Ônibus elétricos parados em SP: descaso, erro ou marketing político?

São Paulo quer ser referência em mobilidade sustentável, investindo em ônibus elétricos para reduzir a poluição e melhorar a qualidade de vida. Mas, na prática, a cidade enfrenta um fiasco logístico: dezenas de ônibus elétricos novinhos estão parados nas garagens porque não há infraestrutura para carregá-los.
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A culpa recai sobre a Enel, que não conseguiu garantir o fornecimento adequado de energia, mas também sobre a prefeitura de São Paulo, que parece ter comprado os ônibus sem qualquer planejamento realista. O resultado? Um projeto que soa mais como uma jogada política para impulsionar a campanha de reeleição do prefeito Ricardo Nunes ou, em uma hipótese menos maliciosa, uma demonstração de ingenuidade da administração municipal ao achar que bastava promover a compra dos ônibus para que tudo se resolvesse.
Seja qual for o caso, a prefeitura merece todas as críticas do mundo. Brincar com a inteligência dos paulistanos, seja por incompetência ou por puro marketing político, é inadmissível. Antes de nos taxarem de esquerda, direita ou qualquer outra coisa, deixamos claro: nossa linha editorial é apolítica e independente. Nossa missão é analisar fatos e apontar falhas, seja em governos de esquerda, direita ou, principalmente, do tão oportunista centrão.
Ônibus elétricos: comprados às pressas, parados por falta de estrutura
A MobiBrasil, uma das operadoras de transporte público da cidade, tem 37 ônibus elétricos novos estacionados no Jabaquara, na zona sul. O motivo? A rede elétrica do bairro não suporta o carregamento simultâneo dos veículos. As informações foram publicadas pelo Portal Uol.
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“Imagina você ter uma instalação elétrica no seu apartamento de 120V e comprar um refrigerador de 220V. Se a gente colocar todos os carregadores para funcionar, a energia do bairro pode cair.”
— Manoel Barbosa Pereira, gerente da MobiBrasil
E o problema não está restrito ao Jabaquara. De acordo com a própria prefeitura de São Paulo, pelo menos 80 ônibus elétricos novos estão parados em garagens espalhadas pela cidade, aguardando infraestrutura elétrica adequada para operar.
Se a cidade não tinha energia suficiente para carregar esses veículos, por que a prefeitura comprou os ônibus antes de resolver esse problema?
A resposta pode estar no calendário eleitoral. Com a campanha de reeleição de Ricardo Nunes ganhando força, a gestão municipal precisava apresentar “avanços” na mobilidade urbana. O anúncio da compra da frota elétrica foi feito com pompa e orgulho, mas a parte essencial—garantir que os ônibus tivessem onde carregar—foi ignorada.
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Agora, o governo municipal empurra a responsabilidade para a Enel e para as operadoras de ônibus, enquanto o transporte público segue sem melhorias reais.

Enel: uma concessionária de problemas
Se a prefeitura errou ao priorizar a compra dos ônibus sem garantir infraestrutura, a Enel também não está isenta de responsabilidade. A empresa acumula um histórico preocupante de falhas no fornecimento de energia.
Entre janeiro de 2022 e outubro de 2024, o Procon-SP registrou 52.470 reclamações contra a concessionária, das quais 1.514 estavam relacionadas a instabilidade e interrupção de energia.
A Enel diz que tem um planejamento para modernizar a rede elétrica e garantir suporte para os ônibus elétricos. Mas, na prática, as ações não acompanham as promessas.
Investimentos que não saem do papel
A MobiBrasil assinou um contrato com a Enel em dezembro de 2024 para instalar a infraestrutura elétrica necessária, com previsão de conclusão em 30 dias. Mas os meses passaram e, mesmo após a empresa de ônibus cumprir todas as exigências para adequação da garagem, o serviço ainda não foi finalizado.
A Enel afirma ter concluído obras para oito operadoras de ônibus nos primeiros meses de 2025 e promete fornecer 45,7 MW de energia ao longo do ano. Mas, se a energia não chega onde é necessária, de nada adianta.
Enquanto isso, a MobiBrasil já instalou 16 carregadores, que seriam suficientes para a frota elétrica se a rede elétrica comportasse a demanda. O processo de carregamento de cada ônibus leva de três a quatro horas, e sem um planejamento eficiente, o sistema fica inviável. O resultado? Ônibus elétricos parados, enquanto veículos movidos a diesel continuam rodando e poluindo a cidade.
Conclusão: incompetência ou jogada política, o prejuízo é da população
São Paulo poderia estar avançando na mobilidade sustentável, mas o projeto foi conduzido com mais pressa eleitoral do que responsabilidade técnica. A prefeitura comprou ônibus sem antes garantir que a cidade tinha infraestrutura elétrica para recebê-los, e a Enel, que já enfrenta um histórico de problemas, não conseguiu entregar soluções a tempo.
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O pior de tudo é que, independentemente de ser uma jogada de marketing político ou pura incompetência, quem paga a conta, como sempre, é a população. O transporte público continua operando com veículos poluentes, enquanto os ônibus elétricos estão parados, sem previsão de quando poderão de fato melhorar a mobilidade da cidade.
O que você acha dessa situação? Como a falta de planejamento afeta o transporte público na sua região? Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe este artigo.
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