Trânsito

Detran-SP usa IA para caçar carros com mais de 1000 multas

Com apoio de monitoramento inteligente, operação em São Paulo retira de circulação veículos que somavam quase R$ 400 mil em débitos

A caçada aos motoristas que acumulam infrações em série ganhou um poderoso aliado em São Paulo: a inteligência artificial. Em uma ofensiva cirúrgica e baseada em dados, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-SP) iniciou um projeto de monitoramento inteligente focado nos maiores infratores da capital. Esta nova abordagem representa uma mudança de paradigma na forma como a fiscalização é conduzida. Como resultado, a operação já começou a apresentar resultados expressivos.

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Veículos que circulam como “fantasmas” legais, representando um risco contínuo à segurança no trânsito, estão sendo localizados e removidos. Apenas nos últimos dias, a ação conjunta com a Polícia Militar tirou das ruas três carros cujo histórico de irregularidades ultrapassa a impressionante marca de mil infrações, um volume que evidencia a urgência da nova estratégia.

A ponta do iceberg: três recordistas de infrações

A precisão do novo sistema permitiu que as equipes agissem diretamente sobre alvos específicos, cujos históricos desafiam a lógica. O caso mais extremo, por exemplo, foi o de um Astra azul localizado em Pinheiros. Este veículo, sozinho, acumulava 602 multas, resultando em uma dívida de R$ 160,6 mil, um valor que torna qualquer tentativa de regularização inviável. Além disso, o carro estava com o licenciamento vencido há doze anos e era conduzido por um motorista sem CNH, um duplo risco para a segurança viária.

Picape Chevrolet Montana preta, com avarias e adesivos, apreendida por monitoramento inteligente de trânsito em rua de São Paulo.
Foto: Detran-SP | Divulgação. A picape Montana, com 434 multas, foi um dos alvos da operação.

Continuando a ofensiva, a operação também localizou outros infratores com perfis semelhantes. Um deles foi um Chevrolet Montana, que as equipes apreenderam na Zona Leste devendo R$ 101,6 mil por 434 multas. De maneira similar ao caso anterior, o veículo circulava com o licenciamento irregular há quatro anos e, para agravar a situação, o motorista não possuía habilitação, consolidando um padrão de circulação ilegal.

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Dez dias antes, um Corsa já havia sido retirado das ruas. O veículo somava 229 multas, com um passivo financeiro que chegava a R$ 123 mil, valor quase seis vezes maior que o de mercado do automóvel.

Portanto, somando os três casos, a operação removeu das ruas um total de 1.265 infrações e uma dívida exata de R$ 385,2 mil. Este padrão de reincidência revela um perfil de condutores que deliberadamente ignora a legislação, apostando na impunidade.

Por trás da caçada: a estratégia com inteligência artificial

Essas apreensões não acontecem por acaso. Elas são fruto de um trabalho meticuloso de cruzamento de dados e aplicação de inteligência artificial. O sistema do Detran-SP analisa o gigantesco banco de dados de infrações para identificar padrões de comportamento e, com isso, prever a rotina e as prováveis zonas de circulação dos infratores contumazes.

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Dessa forma, a fiscalização deixa de ser reativa e se torna proativa. Em vez de abordagens aleatórias, que podem parar motoristas em dia com suas obrigações, as equipes passam a trabalhar com uma lista de alvos prioritários. Essa tecnologia, em suma, transforma um problema antes difuso em metas claras, aumentando a eficiência e otimizando o uso de recursos públicos.

O futuro da fiscalização: expansão para todo o estado

Atualmente, este projeto está em sua fase inicial na capital, mas já representa o futuro da fiscalização em São Paulo. Com efeito, ele estabelece um modelo que o Detran-SP planeja seguir e expandir para todo o estado. O órgão pretende, portanto, institucionalizar a metodologia e ampliar o monitoramento inteligente para todas as regiões, combatendo problemas semelhantes que persistem em outras localidades.

Para garantir que a estratégia se mantenha eficaz e atualizada, a lista de “campeões de infrações” será reavaliada e atualizada a cada três meses. O levantamento levará em conta os maiores reincidentes dos últimos doze meses. Consequentemente, o cerco aos maus motoristas será contínuo e cada vez mais preciso, em um esforço constante para diminuir a percepção de impunidade e construir um trânsito mais seguro e responsável para todos.

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Aílton Donato

Profissional de marketing digital, apaixonado por mobilidade urbana, especialmente trilhos e ônibus. Usuário do transporte público sempre que é a melhor opção, evitando o estresse do trânsito. Também atua como Técnico em Edificações, unindo experiência em infraestrutura e deslocamento urbano.

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