SP impulsiona Mercedes, que supera 400 ônibus elétricos no país
Modelo eO500 U, desenvolvido e produzido no país, consolida avanço da eletromobilidade no transporte público

A Mercedes-Benz do Brasil alcançou um marco significativo para a eletromobilidade no Brasil, superando a venda de 400 unidades de seu chassi de ônibus elétrico eO500 U. O volume, acumulado entre o início de 2024 e setembro de 2025, é impulsionado majoritariamente pela cidade de São Paulo, que se firma como o principal polo de adoção da tecnologia no transporte público do país. O sucesso do modelo, projetado para a realidade local, evidencia o potencial da indústria nacional na transição energética, ao mesmo tempo que expõe os desafios estruturais para sua massificação.
Um marco para a eletromobilidade nacional
A consolidação das vendas do eO500 U representa um passo estratégico fundamental para a Mercedes-Benz. Com isso, a montadora avança de forma decisiva no crescente mercado de veículos pesados sustentáveis. A expansão em São Paulo é um marco estratégico. Quem afirma é Walter Barbosa, vice-presidente de Vendas, Marketing e Peças & Serviços Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil.
Segundo o executivo, “é muito significativo expandir nossa presença em eletromobilidade na cidade de São Paulo, que utiliza fortemente os ônibus em seu sistema”. De fato, a capital paulista tornou-se o principal cliente do modelo. Essa liderança se deve à sua meta ambiciosa de eletrificar a frota de transporte coletivo, impulsionando a demanda pelo veículo.
A robustez da operação na cidade é comprovada pelos números. Em uma das entregas mais recentes anunciadas pela Prefeitura de São Paulo, 80 dos 120 novos ônibus elétricos eram do modelo da Mercedes-Benz. Empresas de grande porte como Viação Metrópole, Mobi Brasil, Sambaíba e Viação Gato Preto já integram o eO500 U em suas frotas, que, somadas, já ultrapassaram a marca de 5 milhões de quilômetros rodados em operação real.
Tecnologia brasileira para desafios locais
Um grande diferencial impulsiona o sucesso do ônibus elétrico da Mercedes-Benz: a produção 100% nacional. A empresa, de fato, concebe e produz o veículo inteiramente no Brasil. Sua equipe de engenharia desenvolveu o chassi na moderna fábrica 4.0, localizada em São Bernardo do Campo (SP).Além disso, a companhia projetou o modelo pensando especificamente nas condições de operação do Brasil e da América Latina.
O modelo com piso baixo facilita o embarque e desembarque de passageiros. Além disso, ele oferece a maior autonomia do segmento no país, alcançando até 270 km com uma única carga. Suas baterias também se destacam, pois recarregam completamente em um período de até três horas. Este é um tempo eficiente, que otimiza toda a logística das garagens de ônibus.
Como resultado, os benefícios para os centros urbanos são diretos. O veículo garante zero emissão de CO2 e não polui o ar. Acima de tudo, ele opera de forma extremamente silenciosa, o que melhora drasticamente o conforto de passageiros, motoristas e moradores.
De São Paulo para o Brasil e a América Latina
Apesar da forte concentração das vendas em São Paulo, a Mercedes-Benz já trabalha para expandir a presença do eO500 U para outras regiões. Demonstrações do veículo estão sendo realizadas em cidades de estados como Paraná, Minas Gerais e Bahia, com testes futuros já planejados para o Rio de Janeiro.
O mercado externo também está no radar. Unidades foram enviadas para demonstrações no Chile, Argentina e México, mercados estratégicos para a exportação de tecnologia automotiva brasileira. Visando atender a diferentes demandas de capacidade, a empresa já desenvolve uma versão articulada, o eO500UA. O modelo está em fase de testes internos e a previsão é que comece a circular em operações a partir de 2026.
Os desafios para a eletrificação em massa
Apesar do otimismo gerado pelos resultados, a eletrificação do transporte público em escala nacional ainda enfrenta obstáculos cruciais. Walter Barbosa ressalta que o avanço depende de uma ação coordenada entre diferentes esferas. “É preciso um empenho efetivo dos governos federal, estadual e municipal e da iniciativa privada”, destaca o executivo.
No entanto, dois pontos são considerados críticos para essa expansão. O primeiro é a necessidade de financiamento para a compra dos veículos, pois o custo inicial ainda é superior ao dos modelos a diesel. O segundo desafio, e talvez o principal, é a implantação da infraestrutura para ônibus elétricos. Afinal, sem uma rede de recarga adequada e robusta nas garagens, a operação em larga escala se torna inviável.
Por sua vez, a Mercedes-Benz afirma ter capacidade produtiva para atender à demanda crescente. Contudo, o ritmo da transição energética no país dependerá da superação dessas barreiras estruturais.